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É PELO CORAÇÃO QUE LÁ VAMOS!

Mais uma vez ecoam as palavras de Jean Gailhac:
“É necessário muito amor, suavidade, calma e paciência para chegar ao interior do coração.”

No ocaso do Verão, colocam-se naquele lugar acolhedor do coração as memórias construídas: as viagens para lugares mais ou menos paradisíacos que nos ajudam a alargar o nosso pequeno mundo e a relativizar as nossas certezas; as idas à praia em família para fazer tudo o que não foi possível fazer durante o ano; os piqueniques num qualquer lugar fresco que nos convida às narrativas longas e às cartadas ou as conversas em família nos finais de tarde no alpendre da casa dos avós. Estas e muitas outras vivências enchem as exíguas semanas que as férias nos reservam para o muito que queremos fazer.

Vivemos na cadência do nascer e do pôr-do-sol, saboreamos o tempo sem tempo e por breves semanas esquecemos o despótico tiquetaque do relógio.

Inchados por estas memórias e por elas profundamente animados, olhamos para o início do ano letivo. Porque quem vive na escola rege-se por um calendário muito particular – o que começa em setembro e acaba em julho. Em cada setembro, um novo recomeço – novos desafios, projetos renovados e expectativas sempre e cada vez mais ambiciosas, largas como a medida dos sonhos.

A cada novo ano escolar ecoam nos nossos corações as palavras do nosso Fundador, o Venerável Jean Gailhac - “Coragem... no princípio deste ano. Peçamos a Deus que nos dê uma fé viva, uma esperança firme, um amor ardente.

E como não estar animado depois de termos testemunhado a multidão de corações que correram apressadamente ao encontro com o Papa e gritaram a plenos pulmões, até lhes faltar a voz (mas nunca as forças) “Esta é a juventude do Papa”!

Como não viver a missão de educar como a mais desafiante das missões porque modela estes corações ávidos de fazer a diferença e de fazer o bem!

Esta é a fé viva a que nos incentiva o Venerável Fundador, alicerçada na esperança firme de que o futuro nos pertence.

Mas só com amor - profundamente enraizado na humildade e moldado pelo exemplo de Jesus Cristo – podemos ajudar a passar da força da retórica à profundidade da ação. Porque educar é sempre transformar e a mudança dos corações exige tempo, paciência, coragem, persistência e bondade. Exige Amor!

Mais uma vez ecoam as palavras de Jean Gailhac “É necessário muito amor, suavidade, calma e paciência para chegar ao interior do coração.” E é pelo coração que lá vamos. Quando lá chegamos – quando efetivamente transformamos os nossos alunos a partir de dentro (dos princípios, dos valores, das convicções e dos ideais) – perdemo-los para a Vida, porque voam em direção ao futuro, aquele horizonte largo que os chama e os abraça.

Na mesma medida em que os perdemos para o Mundo, ganhamos a muita Vida que eles replicarão junto de todos os que vão encontrando pelo caminho.

Mas antes de chegar ao futuro, centremo-nos no presente – voltemos ao início deste ano letivo e aos muitos desafios que o Papa Francisco nos deixou a todos – à humanidade em mudança, que procura caminhos de renovação e de redenção, e aos muitos jovens que, herdando uma fé viva, anunciam que são protagonistas da mudança necessária.

Impele-nos a obrigação, enquanto educadores, de oferecer a esta “juventude do Papa” a água com sabor, aquela que, não sendo isenta de crises, não sendo perfeita ou “destilada”, não receia abraçar as oportunidades, ousa ajudar a erguer e promove mais Vida.

No caminho de quem educa, os desafios renovam-se à medida das mudanças e das necessidades de cada tempo e é a cada (re)começo que a esperança (re)nasce. Que saibamos abraçar este novo ano letivo com a esperança revigorante própria dos bons recomeços!

Susana Afonso Sousa
Diretora Pedagógica do CNSR