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A CASA COMUM DE FRANCISCO

“Esperançar e agir com a Criação” (Rm 8,19-15)

Hoje, dia de São Francisco de Assis, termina o Tempo da Criação, uma celebração ecuménica anual,que nos recorda que o mundo e todas as criaturas são dom de Deus, expressão do seu amor e sabedoria.

No compromisso pelo cuidado do nosso mundo, o Papa Francisco oferece-nos o testemunho existencial do santo de Assis. É uma referência de uma atitude ecológica que confraterniza com todos os seres, convive amorosamente com eles, protege-os contra as ameaças e cuida-os como irmãos e irmãs. Com eles canta louvores à beleza e integridade da Criação.

“Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas…”

O Papa Francisco diz que, neste gracioso cântico, São Francisco nos recorda que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços. (LS,1). A Terra, que recebemos como casa comum, é um dom de Deus e requer, de cada um de nós e de todos, o dever de a zelar, cuidar para chegar ao seu pleno desenvolvimento.

“Louvado sejas, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras…”

Na sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, o Papa Francisco sugere que a esperança deve estar presente no que fizermos ao mundo criado, que nos está confiado. E o nosso mundo grita por cuidado. Eis a palavra chave para nos dispormos a sermos atores das mudanças que se impõem e com crescente urgência. É tempo de agir, alterando comportamentos e hábitos, escolhendo estilos de vida simples e saudáveis, solidários e fraternos, permeados pela gratidão ao Criador.

“Louvado sejas, pela irmã água, útil e humilde, preciosa e pura.”

A Terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra. O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. (LS,2)

“Louvado sejas, pelo irmão sol, pela irmã lua e pelas estrelas, … pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo entardecer e por todo o tempo …”

O conjunto do universo, nas suas múltiplas relações, mostra melhor a riqueza inesgotável de Deus, pois a sua bondade «não pode ser convenientemente representada por uma só criatura». «A interdependência das criaturas é querida por Deus. O sol e a lua, o cedro e a florzinha, a águia e o pardal: o espetáculo das suas incontáveis diversidades e desigualdades significa que nenhuma criatura se basta a si mesma. Elas só existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no serviço umas das outras» (LS,86).

“Louvai todos e bendizei ao meu Senhor, dai-lhe graças e servi-o com grande humildade.”

Deus Pai revelou a sua força e sabedoria na criação do mundo e na sua conservação. (Ven. Jean Gailhac). Somos continuadores da Obra de Deus. A Criação e todos nós somos chamados a adorar o Criador, trabalhando juntos por um futuro dinâmico baseado na esperança e na ação. Somente quando trabalhamos juntos e com a Criação é que as primícias da esperança podem nascer, tal como num parto, passamos por um período de dores intensas, mas surge uma nova vida.

Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos (Mt 11, 25-30)

“O criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum.” (LS,13)

No âmbito do nosso compromisso e ação da rede Justiça, Paz e Integridade da Criação e estimulados pela Plataforma de Ação Laudato Si’, é comovente ver, nas nossas comunidades e obras educativas, a crescente consciência do nosso papel carismático de pessoas de esperança profética e agentes de transformação do nosso mundo.

Aprendamos de Francisco de Assis o seu estilo de vida, expressão do cuidado e prática de confraternização para recriar no coração das pessoas a cordialidade das relações com toda a Criação, de modo a suscitar no mundo atual o seu fascínio pela sinfonia e harmonia do universo.

Com a ajuda do Espírito Santo, procuremos viver "uma vida que se torne um canto de amor a Deus, à humanidade, com e para a criação”.

Louvado sejas, meu Senhor!

Ir. Manuela Queirós, rscm