A Árvore será o que receber das suas Raízes!
Pe. Jean Gailhac
Cuidar o Património que veio da nossa Casa Mãe é valorizar e perpetuar o nosso legado e a nossa identidade como Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Expressão das origens e da nossa fundação, remete-nos para as raízes do nosso passado, da nossa história. O Papa Francisco diz-nos que as nossas raízes, a nossa tradição são a garantia do futuro e levam-nos à seiva para fazer crescer, florescer e frutificar a árvore. Diz-nos ainda que as raízes de um carisma não são um museu. Queremos, assim, que este Espaço no Solar da Torre seja vivo interativo e dinâmico. Que todas as peças, aqui colocadas, nossa herança afetiva e espiritual, sejam portadoras e promotoras de vida. Possam transmitir aos nossos contemporâneos e às gerações futuras a Seiva de Vida para que todos tenham Vida!
Escada Sagrada
Na Casa Mãe, a Escada Sagrada, situava-se entre os espaços comunitários e La Rotunde da Capela. Os degraus desta Escada foram percorridos por uma imensidão de irmãs desde a fundação do nosso Instituto, em 1849. O desgaste destas pedras podem bem simbolizar a vida que se dá e se gasta a favor da Vida de outros. Assim o aprendemos de Jesus Cristo, a Pedra Angular. Em 2022, a Escada Sagrada, foi cuidadosamente desmontada, degrau a degrau, e trazida para Portugal. Fieis às irmãs que nos precederam e convictas da sua importância simbólica na nossa identidade carismática, esta Escada foi cirurgicamente levantada, aqui, no Solar da Torre. As RSCM e todos quantos sintonizam com o nosso espírito continuarão a subir por ela, na certeza que Deus não nos falta.
Sala de Visitas
Ao entrarmos neste espaço a nossa memória transporta-nos até à Sala de Visitas, na entrada da Casa Mãe. A porta que se abre! As pessoas a serem recebidas nessa sala pelos nossos fundadores! Querem receber, com amor, tudo o que vem de Deus! Podemos imaginar as preocupações partilhadas, os conselhos dados, a vida comunicada, as lágrimas, os sorrisos, o acolhimento, as palavras e gestos. Os sofás, pertença do casal Cure, foram oferta, após a morte de Eugéne e a consagração da Apollonie. Ao sentarmo-nos neles, entremos no diálogo face a face entre o Pe. Jean Gailhac e a Mère Saint Jean. Acolhamos a sua inspiração para recriarmos futuro! Deixemo-nos tocar pelo olhar penetrante e expressão serena dos seus rostos.
Espaço das Primeiras 4 Superioras Gerais
O Pe. Jean Gailhac tinha um especial apreço e cuidado com as superioras. Nos seus escritos é visível a sua preocupação para que fossem modelos de santidade interior e exterior para todas as irmãs. De forma muito bela, diz que precisam de se apagar por amor de Deus e da sua obra e que Deus as abençoaria. Incentiva a que cuidem de cada uma das Religiosas do Sagrado Coração de Maria na sua particularidade. Que sejam portadoras e divulgadoras da identidade e carisma e promovam a unidade no Instituto.
Mère Saint Jean - 1ª Superiora Geral 1849 - 1869
Enquanto esposa de Eugéne Cure, conheceu o Pe. Jean Gailhac e os seus projetos. Como viúva, recebeu acompanhamento espiritual do Pe. Jean Gailhac e concluiu o seu discernimento com o Bispo Thibault em ordem à consagração religiosa.
Cofundadora do Instituto, iniciou as suas funções de Superiora Geral ainda antes dos seus Votos. Cooperou com o Pe. Jean Gailhac na transmissão do Carisma, formação das irmãs da comunidade e das noviças.
Mulher de fé inabalável, de sensibilidade e inteligência, teve a missão de assimilar, comunicar e consolidar a vivência do carisma no Instituto nascente. Congregou na unidade a diversidade de dons e culturas das irmãs, assim como a diversidade de respostas apostólicas na Casa Mãe. Alimentava um grande amor a Nossa Senhora e uma profunda sensibilidade aos mais pobres do seu tempo.
Madre Saint Croix - 2ª Superiora Geral 1869 - 1878
Membro da primeira comunidade fundadora, colaborou estreitamente com a Mère Saint Jean. Alimentava um grande amor ao Mistério Pascal, mulher atenta aos sinais, com grande visão e capacidade de iniciativa. Partilhou com o Instituto nascente os seus dons e experiência na área da educação, o que muito contribuiu para a nossa matriz educativa específica.
Durante o seu generalato deu-se a expansão do Instituto para fora de França: Lisburn, Porto, Bootle, Braga e Sag Harbor. Visitou Portugal em 1875 tendo permanecido no Porto durante três meses e viajou até Braga para preparar uma nova fundação.
Madre Saint Félix - 3ª Superiora Geral 1878 - 1905
Membro da primeira comunidade, foi enfermeira da Mère Saint Jean e do Pe. Jean Gailhac nos últimos anos das suas vidas. Visitou as várias fundações, entre elas Portugal, fazendo as diligências necessárias para aquisição dos Imóveis do Porto e Braga. Acompanhou o Fundador na viagem a Roma para aprovação do Instituto junto da Santa Sé.
Foi a primeira superiora geral a governar o Instituto após a morte do Fundador, dando continuidade à expansão, investindo na consolidação e unidade das irmãs e das Obras.
Madre Saint Constance - 4ª Superiora Geral 1905 - 1926
Natural de Béziers, foi Mestra de Noviças dotada de uma inteligência viva e profunda, dons artísticos e talento musical. Atravessou tempos difíceis incluindo a perseguição à Igreja em Portugal com a implementação da República, e a primeira guerra mundial.
No seu generalato as irmãs em Portugal chegaram a organizar-se para se tornarem uma Província, o que não se concretizou devido à perseguição. Este acontecimento deu lugar à expansão de Portugal para o Brasil.
Espaço Pe. Jean Gailhac
O seu amor a Deus, a sua visão de fé e o sonho de transformar as realidades de sofrimento humano em vida abundante, fazem do Pe. Jean Gailhac um homem sem fronteiras, muito à frente da realidade do seu tempo.
Ao entramos neste espaço, deparamo-nos com a escrivaninha onde o Pe. Jean Gailhac escreveu muitas cartas dirigidas às irmãs, para as acompanhar, sobretudo quando eram enviadas para outros países, no Instituto nascente. Tinha uma preocupação enorme de se fazer presente pela escrita. As suas cartas são muito claras, diretas, incisivas e muito exortativas. Escrevia sobre diferentes assuntos: Espírito de Instituto, vida espiritual, administração, relações comunitárias, vida quotidiana, etc. A exigência, a bondade, a amizade, a confiança e um carinho enorme pelo Instituto e por cada uma das irmãs, são expressões que trespassam as suas cartas e que revelam a sua humanidade.
Podemos imaginar o Pe. Jean Gailhac, sentado na cadeira, a escrever as cartas às suas muito “queridas filhas” com a sua caneta e com os seus óculos.
O que nos escreveria hoje? Sejam de Deus! Amem-No! Pertençam-Lhe!
Espaço Mère Saint Jean
A vida da Mère Saint Jean pode ser dividida em três partes. A Ir. Mary Milligan usava a expressão, a mulher dos três êxodos. A sua vida foi, de facto, passada em três períodos diferentes: vinte anos solteira, vinte anos casada com Éugene Cure e 20 como Religiosa do Sagrado Coração de Maria. Deus assim o quer, faça-se a Sua vontade, que eu seja como Deus me quer para Sua maior glória; entre muitas outras expressões, ajudam-nos a perceber que era uma mulher corajosa, generosa e inteligente. Uma mulher de Fé e Zelo.
Ao aproximarmo-nos deste espaço encontramos, do lado direito, um montra com as loiças do tempo em que foi casada com Eugéne Cure. Entrando no espaço a ela dedicado, encontramos vários móveis pertencentes à Família Cure: a cama, a cômoda, o guarda-roupa e o móvel para a higiene pessoal. Vemos também o genuflexório e um bonito crucifixo, onde certamente o seu olhar, muitas vezes, se deteve para partilhar e receber de Jesus Cristo o consolo e a confirmação necessárias para levar por diante o Instituto nascente. A escrivaninha remete-nos para os tempos em que sentada, passava horas a escrever as cartas ao Pe. Jean Gailhac, partilhando o seu caminho espiritual e o seu desejo de crescer em santidade, ser toda de Deus!
Sala da Comunidade | Biblioteca e Capela
A sala da comunidade a seguir à capela é, para as Religiosas do Sagrado Coração de Maria, o espaço de excelência. Remete-nos para o local e tempos vividos na Casa Mãe onde as irmãs partilharam dificuldades e sonhos, tomaram decisões para fazer avançar o Instituto nascente.
Na parede do lado direito está reproduzida a Videira. Remete para o nosso enraizamento em Deus, verdadeira cepa, e para a força da comunidade cujos membros estão unidos.
A simbolizar a expansão do Instituto, a Videira está embelezada com fotografias de irmãs e leigos, desde a sua fundação até aos dias de hoje. No centro da sala encontra-se a mesa, o crucifixo e as cadeiras da primeira comunidade.
Na parede frontal vemos a biblioteca do Pe. Gailhac onde estão os seus livros, muitos deles datados do Sec. XVIII, de diferentes áreas de espiritualidade. As suas principais referências são os Evangelhos, o apóstolo S. Paulo, Inácio de Loyola, Agostinho de Hipona, Francisco de Sales, João Eudes, entre outros. Constata-se que o Pe. Jean Gailhac era um homem que lia e estudava muito para melhor se preparar no acompanhamento espiritual das irmãs e diferentes pessoas que o procuravam. Ao lado, temos a imagem de Nossa Senhora que se encontrava na Sala da Comunidade. Entrando na Capela deparamo-nos com o sacrário suspenso em forma de chama, representativa do Zelo; os genuflexórios e a imagem do Coração de Maria são também património vindo da Capela da Casa Mãe.
Fonte
A palavra fonte é uma expressão muito querida ao Pe. Jean Gailhac. Nos dois volumes das suas cartas aparece muitas vezes esta expressão. Deus é a única fonte de tudo o que é bom; o silêncio como fonte de paz; humildade como fonte de santidade; a pessoa que se ocupa de Deus é fonte de bençãos celestes; o amor como fonte e principio de todos os nossos pensamentos, entre muitas outras. Depreende-se que, em Gailhac, a fonte é o meio pelo qual jorra a graça de Deus. Junto desta fonte, réplica da Fonte da Casa Mãe em Béziers, escutemos o jorrar da água. Deixemos que, no silêncio, Deus derrame em nós a Sua graça e a sua Paz. Que nas nossas vidas possamos ser reservatório e fonte de graças e benções celestes, para saciar a sede de Deus a todos aqueles que vivem ao nosso lado.
Memorial Pe. Jean Gailhac
O Pe. Jean Gailhac partiu para junto de Deus decorria o dia 25 de janeiro de 1890. Festa da Conversão de S. Paulo, seu Apóstolo inspirador. Foi a sepultar no cemitério de Béziers. Ouviu-se a expressão, o Padre santo está morto! Esta expressão é de facto verdadeira, pois o Pe. Jean Gailhac, no seu quotidiano, procurou imitar Jesus, o Bom Pastor, em todas as dimensões da sua vida. Como Instituto, iniciamos o Processo de Beatificação do Pe. Jean Gailhac em 1949. Tendo investigado os documentos relativos à vida, atividade apostólica e virtudes do Pe. Jean Gailhac, os Cardeais da Congregação para as Causas dos Santos reconheceram, por unanimidade, que o Servo de Deus Jean Gailhac praticou todas as virtudes cristãs em grau de heroicidade. Na continuidade deste processo, o Papa Paulo VI, promulgou o decreto declarando Jean Gailhac Venerável, a 22 de junho de 1972.
A ausência, até ao momento, de milagres reconhecidos pela Santa Sé impede de ser declarado, oficialmente, santo. Há, no entanto, muitos outros milagres a acontecer em tantas pessoas que reconhecem em Gailhac um intercessor bom e santo!
Neste Memorial temos as roupas sacerdotais do Pe. Jean Gailhac aquando da sua exumação, a 20 de abril de 1954, quando o seu corpo foi transladado para a Cripta da Casa Mãe. Foram cuidadosamente guardadas e preservadas até aos dias de hoje.
Estar situado junto a Nossa Senhora faz todo o sentido, pois o Pe. Jean Gailhac tinha uma profunda devoção ao Coração de Maria. Acreditamos que aos pés de Maria, o nosso Venerável Jean Gailhac, guarda no seu coração o seu querido Instituto com muito carinho, porque amar é ressuscitar e ressuscitar é amar para que todos tenham Vida! O Padre santo está vivo!
Capela da Via-Sacra
Colaborar na missão geradora de vida do Instituto, nos diferentes ministérios, abraçando o Mistério Pascal é uma das dimensões centrais da nossa espiritualidade. O Pe. Jean Gailhac, em muitas das suas cartas, alerta-nos para que estejamos prontas para recebermos com alegria as provações e as dificuldades da vida. Usa a expressão da cruz mais de trezentas vezes e aponta-a como verdadeiro caminho para Deus. Refere que a família do sagrado coração de maria está assente na cruz. Que tudo vem do calvário e a cruz é a fonte de todo o bem! Menciona ainda que Deus nos proporcionará a graça conforme a provação e nunca nos abandonará, estará sempre presente para nos apoiar e defender. Ao entramos na Capela da Via Sacra encontramos os 13 quadros que vieram da Casa Mãe. A cruz trifoliada que se encontra no friso dos quadros foi feita com madeira da urna do Pe. Jean Gailhac aquando da sua exumação, a 20 de abril de 1954, em Béziers. No centro da Capela temos o genuflexório do Pe. Jean Gailhac. Quantas horas terá passado, nele ajoelhado, contemplando o Senhor Jesus, que do alto da Cruz, nos olha com o seu amor imenso!
Sala | Auditório Jean Gailhac
O nosso fundador, o Pe. Jean Gailhac, escolheu para o nosso Instituto a missão de conhecer e amar a Deus torná-Lo conhecido e amado para que todos tenham vida. Diz-nos que do conhecimento e da estima nasce a esperança que é o suporte da vida, a alegria do coração e que quanto mais conhecemos a Deus mais o amamos e estimamos. Em várias cartas convida-nos a não perder nenhum momento da nossa vida e que todos os momentos livres sejam preenchidos pelo estudo, para aperfeiçoamento do que já sabemos ou para adquirir novos conhecimentos. Este Auditório pretende ser isso mesmo, um espaço de aperfeiçoamento e aquisição do conhecimento da nossa história e da nossa espiritualidade, como Instituto. Que a partir daqui possamos partir e, nas nossas realidades, sermos mulheres e homens imbuídos pelo Espirito de Fé e Zelo, a colaborarmos com Jesus Cristo na transformação do mundo, para que todos tenham vida e Vida em Abundância!