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O DIGITAL E A ESCOLA

As escolas, enquanto instituição, constituíram-se como um pilar fundamental da sociedade e a sua função tem evoluído ao longo do tempo.

Começou por ser da sua competência a estruturação das aprendizagens linguísticas e conhecimentos factuais diversos, expandindo-a posteriormente para o ensino do saber fazer. No entanto, atualmente, as escolas também têm um papel importante no apoio ao percurso vocacional dos alunos, de estímulo à socialização através da cooperação, assim como de desafio do pensamento criativo, crítico e ético. As escolas dão, portanto, a cada estudante que formam, ferramentas para a vida.

A educação escolar, para poder atingir os seus objetivos, tem acompanhado a evolução social e tecnológica, recriando-se ciclicamente, apesar de comummente se pensar que estagnou no tempo. Sendo os docentes, alunos e famílias marcados pela sua realidade histórica e cultural, é lógico que atualizem o contexto em que se movem. Assim, o mundo do digital foi entrando na vida escolar, aumentando paulatinamente a sua visibilidade.

A relação da escola com o digital não é, portanto, recente.

Começou por ir ao encontro de necessidades do foro logístico e de gestão de secretaria, tendo depois entrado em âmbitos tão variados como o processamento de dados de avaliação, a criação de recursos para as aulas ou a facilitação de tarefas colaborativas de aprendizagem. A multiplicação de meios tecnológicos tem permitido também uma maior integração do digital na rotina da aula: os quadros interativos vieram permitir dinâmicas diferenciadas, as aulas em laboratórios de informática instruíram a literacia digital dos alunos, os smartphones trouxeram a possibilidade de cada aluno ter à mão um instrumento de pesquisa online, de produção digital de texto, de criação de apresentações ou produção de vídeo, que lhes permitiu terem um papel criativo e ativo na sua aprendizagem.

A pandemia veio forçar a escola a uma nova imersão nos meios digitais, reinventando-se em alguma medida para fazer face a uma necessidade criada em emergência.

Essa experiência de ensino à distância foi uma rampa de lançamento para um reforço do digital em contexto de sala de aula. Começando com a proposta de deixar os manuais em papel em favor da sua versão digital, a escola procura implementar medidas mais ecológicas e saudáveis, ao reduzir dramaticamente a quantidade de papel adquirida pelos alunos e ao diminuir também o peso que estes transportam nas suas mochilas.

A nova fase traz, no entanto, mais valências e oportunidades.

O digital, no formato de um computador pessoal por aluno, reforça, primeiro que tudo, a personalização. Já não é necessário que o docente esteja sempre a conduzir os trabalhos do grupo, forçando toda a turma a seguir um determinado ritmo ou ordem de tarefas. O computador pessoal permite que o docente atribua tarefas mais personalizadas, deixando cada aluno trabalhar ao seu ritmo, mas acompanhando também mais proximamente todos:  não sendo necessária a sua presença enquanto maestro, o docente pode passar a ser um tutor, indo ao encontro das diversas solicitações e necessidades. O computador pessoal dá, também, alternativas aos alunos: o audiovisual, a leitura automática de textos, o registo automático de notas através de ditado, por exemplo, ou a mudança do tamanho da letra. Os meios digitais possibilitam, portanto, uma educação mais inclusiva.

Em segundo lugar, encontramos neles novas valências facilitadoras do trabalho cooperativo. A neuropedagogia e a psicologia cognitiva têm divulgado a importância fundamental da aprendizagem com os outros: o ser humano, enquanto criatura profundamente social, precisa do outro para aprender, crescer e ser feliz. Uma das duras lições da pandemia foi a das graves consequências do isolamento físico: o olhar e ouvir filtrados pela máquina não conseguiram superar a presença física. Contudo, em contexto escolar e presencial, a máquina permite trabalhar ao lado do outro, cada um a realizar a sua parte de uma tarefa colaborativa, cada um a apoiar o outro na busca de soluções. Permite, por exemplo, também, desenvolver a metacognição através da análise das produções dos outros, criando dinâmicas de feedback mútuo. 

O digital é, atualmente, uma excelente ferramenta para trabalho de grupo, de projeto, de investigação e experimentação em equipa.

Em terceiro lugar, numa sociedade cada vez mais tecnológica, é também papel da escola aprofundar a literacia digital, estimulando uma capacidade crítica e ética de pesquisa e de utilização da Inteligência Artificial, uma análise crítica da informação obtida digitalmente, escolhas éticas relativamente ao uso dos recursos disponíveis online e aprendizagem de comportamentos seguros nesse ambiente.

Atento a tudo isto, o Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria em Portugal, numa tradição de inovação com propósito: alargar os horizontes dos alunos, enriquecendo as suas experiências de aprendizagem e de formação, para que TODOS TENHAM VIDA EM ABUNDÂNCIA, alarga o digital aos alunos dos 7.º ao 12.º anos nos seus colégios.

Alexandra Lopes
Professora