Não significa, porém, que, tateando, não possamos aproximarmo-nos da "compreensão" deste Mistério onde coabitam um só Deus, nas três Pessoas, cada qual com a sua própria identidade.
A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve, desde a origem, na raiz da fé viva da Igreja; no Baptismo, na pregação, na catequese e na oração da Igreja.
O quarto Concílio de Latrão declarou: "é o Pai quem gera, o Filho quem é gerado e o Espírito Santo quem realiza" e ainda "cada um é Deus, completo e inteiro". O concilio Vaticano II trouxe o Mistério da Santíssima Trindade para o centro: “centro na vida de cada fiel, batizado em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; centro da liturgia, garantindo que toda ela se dirige ao Pai, pelo Filho no Espírito Santo; centro da teologia, mencionados em todos os seus documentos e centro da Igreja que passou a ser chamada Igreja da Santíssima Trindade.”
Não sendo fácil abarcar a dimensão destas palavras, tocamos nas franjas deste mistério, ao longo da nossa vida de intimidade/oração, com cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade. Um Amor, do Pai, do Filho e do Espirito Santo que é Vida e princípio de toda VIDA. De um Amor desmesurável! Entre as três Pessoas e para com cada um de nós!
E, por isso mesmo, são para nós, protótipo de Vida, de Amor e de Unidade em contraste, muitas vezes, com o nosso caos interior, árido e desnorteado. O Padre Jean Gailhac escrevia: “Sim, Trindade Santa, a alma do homem é a imagem finita da Vossa essência infinita. Como Vós, ela é, ela conhece-se a si própria, ela ama este conhecimento.” (Écrits Vol VII pag 2269)
O grande desafio da nossa vida espiritual/cristã, será “tatuar”, cada uma destas Pessoas, naquilo que somos e fazemos.
Deus como Criador chamando-nos a participar na Criação, Jesus que ensina o Amor do lava-pés e o Espírito Santo que nos inflama de zelo ao serviço. Assim o reafirma o Venerável Padre Jean Gailhac. “Se quiséssemos ser como Deus nos pede, seria necessário que trouxéssemos em nós a imagem do nosso Criador, mas também que fôssemos uma cópia da união que existe entre as três pessoas divinas, todas unidas.” (Écrits Vol VII pag 1971).
Ao sermos criados à imagem de Deus, trazemos em nós a marca da Trindade. Se somos “à imagem de Deus”, já existe em nós este potencial de SER, sempre em evolução e transformação, até se revelar nos nossos rostos, nos nossos gestos e nas nossas escolhas.
Escrevendo às Religiosas do Sagrado Coração de Maria, a propósito da Santíssima Trindade (Écrits Vol II pag 4095), diz inflamado: ”O Espírito de Deus, termo eterno da adorável Trindade, amor infinitamente adorável do Pai e do Filho, um só Deus com o Pai e o Filho, é de Ti que devo escrever , é a Ti que estou encarregue de Te tornar conhecido, desejado, amado. É a Vós que devo fazer entrar no coração das minhas filhas, para que Vós sejais para elas, uma fonte de luz, de força, de amor, de santidade, de zelo pela Santíssima Trindade, de dedicação a todas as pessoas”.
A visão teológica do Venerável Padre Gailhac sobre a Trindade, pode ser resumida como VIDA!
Deus, é a fonte de amor, de unidade, de paz e consolação. Jesus Cristo, é o enviado para levar a Vida do Pai a toda a Humanidade. O Espirito Santo, é o Amor entre o Pai e o Filho e é Ele que nos transforma em Jesus Cristo.
Como seria bom exalarmos esse perfume divino, da unidade vivificante e amorosa da Trindade, para com todos aqueles que connosco caminham. E, como seriamos felizes se nós, como discípulos de Jesus, ajudássemos os outros a reconhecer estes traços do rosto de Deus Trindade, na vida quotidiana.
Ir. Cláudia Pacheco, rscm
