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MÊS DE NOVEMBRO, MÊS DO CÉU!

Entramos em novembro, mês em que a Igreja nos chama a olhar para o definitivo, para as realidades últimas.

Mês para nos darmos conta desta verdade: estamos feitos para Deus e para o Céu, e tudo o que de bom possamos experimentar neste mundo não é senão um aperitivo de algo que «jamais passou pelo pensamento do homem», que é «o que Deus preparou para aqueles que O amam.» (1Cor 2, 9). Tudo o que nos conduz a Deus e ao Céu, só por isso, vale a pena; porque é esse o lugar que Jesus nos prepara e para onde quer levar (cf. Jo 14, 3). Tudo o mais é, na melhor das hipóteses, perda de tempo!

Neste mês de novembro de 2024 completam-se ainda 60 anos desde a promulgação, pelo Papa São Paulo VI, de uma das mais notáveis e relevantes constituições do Concílio Vaticano II: a Lumen Gentium. Neste documento, por um lado, considera-se a Igreja na variedade dos que a constituem: a Hierarquia, os Leigos, a vida Religiosa. Por outro lado, reflete-se na comum e fundamental vocação de todos: a santidade.

Assim se expressa o Concílio:
«Nos vários géneros e ocupações da vida, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus […]. Cada um, segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem desfalecimentos pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e que actua pela caridade.» (LG 41).

Como é belo viver a santidade na diversidade do que somos!

Santa Teresinha do Menino Jesus olhava os santos como flores num jardim, e escrevia:

«Compreendi que todas as flores que Deus criou são belas, que o esplendor da rosa e a alvura do lírio não tiram o perfume à pequena violeta nem a simplicidade encantadora à margarida… Compreendi que, se todas as pequeninas flores quisessem ser rosas, a natureza perderia o seu adorno primaveril, os campos não ficariam esmaltados de florzinhas…

Assim acontece no mundo das almas, que é o jardim de Jesus. Ele quis os grandes Santos, que podem ser comparados aos lírios e às rosas; mas criou também outros mais pequenos, e estes devem contentar-se com serem margaridas ou violetas, destinadas a deleitar os olhares de Deus quando olha para o chão. A perfeição consiste em fazer a Sua vontade, em ser o que Ele quer que sejamos…»

Creio, infelizmente, que apesar da insistência do Concílio e da Igreja, continuamos a não estar assim tão convencidos de que a santidade é realmente para «todos, todos, todos!» Cada um no seu estado de vida, todos são chamados a ser santos.

É por isso que é tão bom viver este mês, cujo pórtico é a magnífica celebração de Todos os Santos. Esta grande solenidade da Igreja existe para que possamos louvar todos os homens e mulheres que vivem a alegria do Céu, não porque tenham necessariamente feito coisas extraordinárias e exclusivas, mas porque viveram todas as coisas – também as mais comuns e corriqueiras – como e com Jesus. Como o próprio diz, na parábola dos talentos, ao recompensar os bons servos: «porque foste fiel nas coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes: vem tomar parte na alegria do teu Senhor!» (Mt 25, 21.23) 

Entre Todos os Santos, muitos há anónimos, que não estão em nenhum altar nem são celebrados em nenhuma festa do calendário; e, contudo, são santos.

Para nos lembrar isso, o Papa Francisco ofereceu à Igreja uma Exortação Apostólica que é especialmente oportuno recordar: Gaudete et Exsultate, «Alegrai-vos e Exultai». Referindo-se aos santos, o Papa diz claramente: «Não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados.» (GE 6). E prossegue: «Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante.» E, cunhando duas expressões bastante ilustrativas, acrescenta: «Esta é muitas vezes a santidade “ao pé da porta”, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da “classe média da santidade”.» (GE 7).

Caro leitor, gostava de te convencer que Jesus quer fazer de ti um santo. Não sei quem és, se és religiosa ou religioso, consagrado, clérigo, leigo, pai ou mãe de família, professor, aluno, etc. Mas sei uma coisa sobre ti: és chamado a ser santo. És chamado ao Céu.

Por isso, quando fores à Missa neste dia 1 de Novembro, diz a ti mesmo e a Jesus: «Quero que este dia venha a ser também o meu dia!»

Feliz dia de Todos os Santos!

Pe. Lourenço Lino