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AMIGO MISSIONÁRIO

Quando somos pequenos, agarramo-nos à ideia de que temos que ter um “melhor amigo”.

Chegamos a chatear-nos quando os nossos pais não conseguem nomear uma pessoa com a qual se identificam em particular. Temos vários amigos mas parece que estamos predestinados a arranjar um par. À medida que crescemos, deparamo-nos com uma realidade antes desconhecida. Na verdade, não temos um "melhor amigo ou amiga", nem temos muitos amigos. Temos algumas pessoas com quem simpatizamos, conhecidos, e muito poucos amigos. Talvez porque a definição de amigo fica mais rigorosa. Eu diria que um amigo tem que ser alguém que entenda a minha realidade sem a viver, uma pessoa compassiva e carinhosa que se saiba pôr no meu lugar sem desvalorizar a bagagem que trago comigo. Alguém que saiba ouvir sem julgar as decisões que tomo.
Porque os amigos não forçam os outros a querer o que eles querem, mas mostram o caminho que acham melhor. Não julgam, não tiram conclusões precipitadas, não abandonam. Perdoam, abraçam e acolhem-nos mesmo depois de não seguirmos os seus conselhos e acabarmos magoados. E uma amizade é sobretudo uma escolha: Escolher ligar quando temos algo para contar. Escolher atender mesmo que estejamos a fazer qualquer coisa. Escolher lembrarmo-nos de datas importantes e decorar os presentes que a pessoa deseja.
Porque a amizade cresce quando escolhemos focar-nos no outro e quando o outro escolhe focar-se em nós, e escolhemos, juntos, garantir que a outra pessoa tem o melhor que conseguimos dar.

Assim também são os missionários, destacados para realidades que não conhecem mas que querem conhecer.

Todos os dias a ouvir histórias de vida com situações que nunca viveram, oferecendo o seu apoio incondicional. A mostrar aquilo que trazem e a receber aquilo que as diferentes culturas podem dar. Porque ser missionário é escolher sair do seu conforto pelo outro. Ser missionário é escutar sem falar sobre as vezes em que nos aconteceu algo pior. Ser missionário é olhar para os outros com respeito depois de conhecer o seu passado, não é ter pena nem achar-se superior, é olhar para a vida dos outros como uma história que podia ter sido a nossa e tornar todos os dias um pouco melhores. E saber que assim, dando tudo o que têm, podem trazer algo melhor à vida daqueles com que se cruzam.

Como cristãos, somos chamados à missão diária, a uma vivência de entrega e disponibilidade, para construir uma comunidade em que todos somos amigos. A amizade é, em última instância, uma expressão do amor partilhado por duas pessoas.  E nenhum de nós é bom amigo o suficiente. Só Jesus é verdadeiramente bom amigo, atrevo-me a dizer, o nosso único melhor amigo. Deus é Amor e em cada amizade conseguimos ver uma das manifestações mais puras e profundas da sua presença na nossa vida. Assim, Jesus impele-nos a ir por todas as nações e mostrar, pelas nossas ações e boas práticas, que o caminho d’O Senhor é o melhor caminho. Um caminho por vezes difícil, mas repleto de alegria.  

Somos convidados a apresentar Este nosso amigo aos nossos novos amigos, com a consciência de que nunca faremos jus ao que Deus verdadeiramente é.

Cabe-nos mostrar que Deus atua nas nossas vidas das maneiras mais simples e inesperadas, que é misericordioso e que tem um plano para nós tão infinitamente bom que nunca imaginaríamos a sua perfeição. Que Deus nos acompanha e acolhe mesmo quando não sentimos a sua presença. E, sobretudo, que apenas requer a nossa disponibilidade para confiar Nele e no Seu plano.
E assim, dando a conhecer o Caminho, a Verdade e a Vida, deixar que Deus amoleça os corações das pessoas com quem nos cruzamos, que o Espírito Santo as encha de confiança e que passem a viver com a segurança de um melhor amigo que permanece com elas incondicionalmente.

Leonor Braga Leitão
Estudante e missionária UT VITAM