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FÉRIAS INTERCOMUNITÁRIAS, JUNTO AO MAR!

Ao aproximarem-se os meses de verão e a consequente pausa nas nossas atividades, relembro a passagem do Livro do Eclesiastes.

”Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu: tempo para nascer e tempo para morrer… tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou… tempo para chorar e tempo para rir… tempo para se lamentar e tempo para dançar… tempo para procurar e tempo para perder… tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para falar e tempo para calar… tempo para a guerra e tempo para a paz”. Ecl 3, 1-8

As férias são também um tempo de descontinuidade, de desconectar dos deveres quotidianos para descansar e saborear a “leveza dos dias”.

Todos os anos nós, rscm em Portugal, somos privilegiadas com a possibilidade de um tempo de férias na nossa casa junto à praia do Magoito, no concelho de Sintra. Para as que o desejam, claro. Com muito agrado, faço parte deste grupo.

Vindas de diferentes comunidades, do norte, centro e sul, com transporte assegurado pelos nossos ministérios, ali podemos ficar por duas semanas, desfrutando da beleza do local e da riqueza da vivência intercomunitária. É um tempo para revitalizar o corpo e a mente, a alma e o coração. Tempo e lugar de contemplar a insondável grandeza da Criação: a beleza e diversidade da paisagem – serra e mar - o canto dos pássaros, o pôr do sol, o brilho das estrelas, o silêncio da noite embalado pelo marulhar das ondas do mar.

Tempo para contemplar, em silêncio, a vastidão do oceano …Tempo para estar perante a ideia de Infinito!

Tempo de reencontros, de partilha de experiências de vida e de missão, tempo de recordar momentos felizes, desde peripécias do tempo de noviciado! Tantas memórias alegres, gratificantes!

Tempo de rezar a vida, de agradecer o dom das férias; de pensar e rezar por tantas e tantos que nunca as puderam ter e outros que já não as podem experienciar. Para a solidariedade não pode haver férias…

Tempo de cantar com S. Francisco de Assis:

Cântico das Criaturas

Louvado seja Deus na natureza
Mãe gloriosa e bela da Beleza
E com todas as suas criaturas;

Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória – a luz do dia!

Louvado seja pelas irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.

Louvado seja pela irmã Nuvem que há de
Dar-nos a fina chuva que consola:
Pelo Céu azul e pela Tempestade
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.

Louvado seja pela preciosa
Bondosa Água, irmã útil e bela,
Que brota humilde. É casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.

Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente
Tão forte que amanhece a noite escura
E tão amável que alumia a gente.

Louvado seja pelos seus amores
Pela irmã, madre Terra e seus primores
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.

Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos
E contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham
Pela morte serena dos bondosos.

Louvado seja Deus na mãe querida,
A natureza que fez bela e forte:
Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte.

Quando o Ven. Padre Gailhac nos exorta - “No caminho de Deus não há descanso; para seria perder tudo” - não contradiz a necessidade de usufruirmos de um tempo de descanso, antes o preconiza; ele próprio tinha um cuidado imenso com a saúde das irmãs.

Ele quer, isso sim, alertar para a necessidade de não nos cansarmos de percorrer, dia a dia, hora a hora, no concreto da vida, o caminho da Fidelidade ao Senhor que nos chamou para O seguirmos. O próprio Jesus também convidou, com frequência, os seus discípulos a “retirarem-se um pouco para descansarem”. Estamos no caminho certo!

Ir. Maria Celina Reis, rscm