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CORAÇÕES HABITADOS PELA PAZ

A paz é um valor muito especial, importante e singular na vida social, religiosa e política.

Muitos de nós, às vezes em situações de conflitos, de violência ou em situações em que parece que estamos a viver um verdadeiro caos, clamamos pela paz. Mas o que será, de facto, a paz que o mundo tanto procura e deseja?

A palavra paz, é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações e agitação. É, também, definida como ausência de guerra ou da não violência. Eu, porém, diria que a paz é o estado tranquilo de uma pessoa que está bem consigo mesma e que, consequentemente, busca por uma boa e tranquila relação entre as pessoas. É a presença da justiça e integridade, de solidariedade e igualdade, de liberdade e respeito pelos direitos humanos.

Mas, no entanto, o nosso mundo é abalado e devastado por situações de injustiça, violência doméstica, abuso e conflitos armados. E estas situações acontecem-nos a todos no nosso dia-a-dia, originando sentimentos de medo, de insegurança e de incerteza. Vemos nações divididas, relações humanas desfeitas, desigualdades sociais que tendem a crescer, instabilidade e crises políticas…todos estes males que a nossa sociedade vem enfrentando, levam-me a pensar que estamos, sem dúvidas, a viver uma guerra mundial em pedaços.

Vejamos, por exemplo, a situação vivida em Moçambique (Cabo Delgado). Deixa a desejar. Os terroristas invadiram o Norte do país com grande intensidade, desencadeando uma instabilidade na vida do povo. São ataques atrás de outros, pais que são obrigados a assistir a morte dos seus próprios filhos e vice-versa, são famílias que veem suas humildes casas a desabar num piscar de olhos, enfim, é um povo que lhe foi tirada a paz, a esperança e vive na falta de certezas sobre seu futuro. E eu pergunto, o que resta deste povo massacrado pelos conflitos armados? O medo, os traumas! Sim… o medo e o sofrimento instalaram-se na vida e no coração deste povo. Por esta razão, muitas famílias sentem-se obrigadas a abandonar tudo: as suas aldeias, suas terras, os seus sonhos, na tentativa de encontrar um lugar minimamente seguro onde possam viver e sentir o gozo de ter paz.

«Busque(mos) a paz e corra(mos) atrás dela» (1 Pe 3, 11) pois, o mundo precisa de paz!

Cada um de nós, precisa, prementemente, colocar um ponto final nos ciclos de violência e investir mais na construção da paz. É fundamental lembrar que a violência origina mais violência, mais divisão entre as nações e um aumento significativo das desigualdades sociais. Não podemos e nem devemos ficar indiferentes quanto a esta questão pois tanto quanto sei, os vestígios de guerra abarcam absolutamente toda a gente, de forma direta ou indireta. Por isso, é urgente pautar pelo caminho e comportamento da paz.

Podemos, então, questionar, de quem/de que depende a paz? Dependerá dos grandes líderes das nações e das organizações internacionais? Ou de cada um de nós? Pois bem, a paz depende de nós… depende de ti, de mim e de todos. Depende da nossa capacidade para desenvolver a paz interior que refletirá no nosso pequeno espaço externo – seja na família, no trabalho ou nos demais ambientes do nosso convívio social. Depende de nossas interações pessoais e do nosso compromisso com a casa comum. Por vezes, podemos sentir que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no oceano. Mas já paramos para imaginar como seria o nosso mundo se não promovêssemos a paz, se não deitássemos no oceano essa gota? De certeza, ao oceano faltaria algo, faltar-lhe-ia essa gota. (Madre Teresa de Calcutá)

Ao celebrarmos o Dia Internacional da Paz, sintamo-nos impelidos a ser agentes ativos na criação e promoção da paz a partir do nosso agir.

Não podemos limitar-nos, apenas, a desejar ou a esperar milagrosamente que haja paz. Temos de nos envolver ativamente na sua criação e construção, estabelecendo relações construtivas com pessoas diferentes, começando pelo meio em que habitamos pois, todos desejamos viver numa sociedade pacífica. Precisamos de sentirmo-nos em paz com nós mesmos, uma paz que vem do nosso interior e não fora dele, pois, o coração habitado pela paz, torna-se uma fonte viva para a transformação do mundo.

Rezemos pela paz! Pela paz no mundo, nas famílias e no coração!

Para que Todos tenham Vida, e a tenham em abundância!

Ir. Lídia Guambe, RSCM